terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Fazes-me Falta Por: Inês Pedrosa

"A dor precisa de um corpo. Limites de pele, unhas, ranho, suor. A incapacidade de sair, a coragem irremediável de viver o tempo. Paciência, peso, cérebro ardendo. Não me conformo à morte da imortalidade (…)"

"(…) Comecei a habituar-me a esse silêncio novo. Habituei-me enraivecido e essa raiva passou a fazer parte de mim."

"As mulheres demoram mais a apaixonar-se mas também resistem mais ao processo de desenamoramento."

"O sexo só nos perde quando vem contaminado dessa substância viciante chamada amor"

"(…) e nunca te teria conhecido. E seria outro – quantos restos de ti fazem parte de mim."

"(…) as frases que nunca fui capaz de entender. Frases de ingratidão, creio. Quantas frases destas terei pronunciado, sem saber? Porque a opacidade do mal é interior. Um muro desconhecido dentro do coração. Nunca vemos o mal que fazemos, só o mal que nos fazem se torna claro."

"Assim me apaixonei pelos livros – pela noite que neles nos invade, quando os abrimos, pela noite que neles nos resiste, depois de lidos, relidos e fechados. Pela noite que prossegue, incansável, entre as palavras, palavras sem dono, escritas da ausência para a ausência."

"Procuro a amizade que me fez feliz. Dito assim, dá vontade de rir, e não é caso para menos – não se pode ser feliz só com a amizade. Nem só com o amor. Se conseguíssemos ser inteiramente felizes, o que ficaria para desejar?"

"Foi no cinema, lembras-te? (…) Entraste tarde, caíste, ofegante, na cadeira ao meu lado. Depois disseste-me que foi nesse momento que os nossos olhos se encontraram. Mas eu não me lembro dos teus olhos. Lembro-me sim do teu odor corporal, uma mistura excitante de rosas, canela e sexo. (…) O teu cheiro surpreendeu-me pela delicadeza e pela névoa erótica. Encostei o meu braço ao teu e comecei a transpirar. Senti uma vontade violenta de me desmoronar em ti. Não, não era fazer amor. Fazer amor não existe, porra, o amor não se faz. O amor desaba sobre nós já feito, não o controlamos – por isso o sistema se cansa tanto a substituí-lo pelo sexo, coisa gráfica, aparentemente moldável. Também não era foder, fornicar, copular – essas palavras violentas com que tentamos rebentar o amor. Como se fosse possível. Como se o amor não fosse exactamente essa fornicação metafísica que não nos diz respeito – sofremos-lhe apenas os estilhaços, que nos roubam vida e vontade. Eu queria oferecer-te o meu corpo para que o absorvesses no teu. Para que me fizesses desaparecer nos teus ossos. Eu, educado no preceito alimentar de que os rapazes comem as raparigas, depois de uma vida inteira de domínio dos talheres queria agora ser comido por ti. Queria entregar-me nas tuas mãos.

E entreguei-me – terás percebido isso? Deixei de saber quem era. Continuo a precisar de ti para existir. Para dormir."

"Não importa o que se ama. Importa a matéria desse amor. As sucessivas camadas de vida que se atiram para dentro desse amor. As palavras são só um princípio – nem sequer o princípio. Porque no amor os princípios, os meios, os fins são apenas fragmentos de uma história que contínua para lá dela, antes e depois do sangue breve de uma vida. Tudo serve a essa obsessão de verdade a que chamamos amor. O sujo, a luz, o áspero, o macio, a falha, a persistência."

"Fiquei em ti mas deixaste de precisar de mim, e por isso precisei ainda mais de ti."

"Nem a carne é sexo, nem o sexo é tão eficaz como se apregoa, tu sabes. O sexo arquiva-se, não se esquece, como o amor."

"Se não te esquecesses tanto, nunca te terias lembrado de gostar de mim. A maioria das pessoas selecciona as recordações para as usar como bóias: aqui fui feliz, é aqui que vou ficar, parado no meio do imenso e ignoto mar. Ou então: aqui fui infeliz, e daqui não quero passar. Distinguem-se assim, para uso quotidiano, optimistas e pessimistas – recordadores profissionais."


 


 

By: Patty.

Ps. Desculpem a lamechice, mas o que falta no livro de história supera-se em pequenas frases/pensamentos, no mínimo, interessantes…

3 comentários:

Anónimo disse...

Por momentos pensei k tinha sido um momento inspirado da "nossa" inês pedrosa, demorei algum tempo a perceber k é "a outra" :p

Anónimo disse...

LOL. Um momento MUITO inspirado! Mas da mh homónima...
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Anónimo disse...

pois...baldas te ao ingles e da te p isto :P
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